O silêncio como refúgio, a música como companheira.

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Como educar os filhos desde bebês? (Paulo Francisco Mantello*)


Motivo de angústia para a maioria das mamães e papais, principalmente os de primeira viagem, a educação ocupa o pódio das preocupações com os filhos. E não falo só da educação escolar, mas principalmente da educação familiar.

A preocupação faz sentido, levando-se em consideração que até os 4 anos a personalidade da criança já está formada, segundo o Pai da Psicanálise, Sigmund Freud.

Cabe a mães e pais auxiliar seus filhos no desenvolvimento do caráter e das habilidades sociais. O propósito é que os pequenos adquiram maturidade emocional e obtenham sucesso em vários âmbitos. Todos queremos ver nossos filhos bem nos mais diversos âmbitos da vida: escolar, profissional e pessoal, é claro.

Aqui fica uma dica muito importante: o autoconhecimento das mamães e papais. Conhecer melhor a si mesmo evita repetir erros do passado. Entender seus próprios sentimentos para não confundir e prejudicar o relacionamento com os filhos. Invista nisso!

Na educação familiar três palavrinhas me vêm em mente: carinho, presença e equilíbrio. Na vida, não existe manual, como gosto de dizer sempre. Somos seres únicos e o conviver é construído: convivendo. Aprendemos com cada pessoa em nossa vida. No entanto, essas atitudes vão ajudar desde os primeiros momentos com nossos filhos.

carinho deve estar presente sempre, independente do que seu filho faz. Mesmo quando há necessidade de impor disciplina. É a atitude de respeito, dialogar e incentivar os pequenos. Não é simplesmente dizer “eu te amo”. Está ligado diretamente à presença. Saiba verdadeiramente do que seu filho gosta. Vivencie experiências com ele. Vá aos eventos que ele participa e também leve para casa os amiguinhos para conhecê-los.

E aí entra o equilíbrio. Se gerações anteriores foram muito autoritárias e rígidas, a atual acabou sendo bastante permissiva. Nem uma coisa nem outra são boas. O ideal é encontrar o ponto entre permitir e limitar. Permitir que seu filho viva bem cada época da existência dele, mas sabendo que a vida impõe limites em vários momentos.

Vamos a algumas dicas neste processo. Estamos dando sinais o tempo todo e ensinando com nossos comportamentos. Quando eu deixo meu filho ganhar em um jogo porque ele não tem a mesma capacidade que a minha e evito que ele se frustre, posso transmitir a mensagem de que a vida é só ganhar. O jogo é uma excelente oportunidade para a criança aprender a lidar com perdas e ganhos. Se digo “não foi nada” e chamo o buraco na rua de bobo, a criança pode entender que eu não me sensibilizo com a dor dela e colocar a culpa nos objetos. Perde-se a oportunidade de acolher a dor da criança e dar apoio, bem como ensinar a responsabilidade dos cuidados consigo mesma.

Outra coisa importante é entender as fases de desenvolvimento da criança e respeitá-las. Seu bebê de 8 meses vai jogar o brinquedo no chão repetidas vezes e não adianta pedir para que ele pare. Seu filho de 2 anos vai fazer pelo menos uma birra em público. Faz parte da idade e das experimentações. Mas não quer dizer que você não vai educá-loÉ preciso explicar por que ele não deve fazer aquilo e combinar o que se espera dele. Quando ele desrespeitar o combinado, não se descontrole e dê bronca, simplesmente lembre o que foi combinado. Questione: “o que nós combinamos”. A criança com certeza vai responder e mudar a atitude. Para isso, não deixe de fazer sua parte também no que foi combinado e nem deixe de cobrar em alguns momentos, flexibilizando a regra.

Para demonstrar atenção e estar mais presente na vida de seu filho, seguem algumas perguntas a serem feitas no dia a dia. Algo que também vai ajudar vocês a se conhecerem melhor.

Pergunte qual foi o melhor momento do dia dele. Se ele mudaria algo. Qual foi o grande desafio que ele acredita ter enfrentado. Também questione em qual momento ele ficou feliz e em qual ficou triste. Ele se sentiu amado? Saiba com quem ele mais ficou no dia. Também é importante saber se algo o surpreendeu e alguém o inspirou. E vale perguntar se seu filho presenciou algo errado, bem como o que ele fez. Se ajudou e se agradeceu alguém.

Estas são algumas ideias para inspirar você a se fazer mais presente na vida do seu filho e demonstrar seu amor por ele. A cada fase do desenvolvimento, seu filho vai conseguir responder de modo diferente, mas com certeza vão trazer oportunidades de refletir e dialogar sobre sentimentos e acontecimentos de modo a educar para a vida, promovendo autoconfiança e a autoestima. É a base para qualquer outra atividade fora de casa, inclusive a educação escolar, que dará continuidade e seguirá lado a lado com a educação familiar, pois esta continua sempre, mesmo na vida adulta. A força do exemplo das mamães e papais é muito mais forte que qualquer receita de como educar.

* MANTELLO, Paulo Francisco. Como educar os filhos desde bebês. Caminhar Saudável. Disponível em: https://caminharsaudavel.com.br/como-educar-os-filhos-desde-bebes/. Acesso em: 3 nov. 2024.